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O enfermeiro Valério Azevedo, de 36 anos, foi um dos primeiros a ser diagnosticado com Covid-19 no Piauí, ainda no mês de março. Com 12 anos de profissão e agora curado da doença, ele recebeu o convite para coordenar a equipe de enfermagem no Hospital de Campanha Pedro Balzi, em Teresina.
“Recebi esse convite com muita honra, com muito apreço. Sou um sobrevivente da Covid-19, me sinto privilegiado sendo mais um soldado nessa luta. Estou fazendo o que gosto e espero que dê tudo certo para responder a tempo”, declarou.
Valério ficou longe da filha Melisa, de 2 anos, desde o início da doença — Foto: Arquivo Pessoal/Valério Azevedo
Valério contou que apresentou os sintomas de tosse, dores torácica e de garganta, febre, falta de ar e ausência de paladar quatro dias após os decretos de isolamento social e suspensão das atividades não essenciais. Desde o dia 22 de março ficou afastado da família, do trabalho no Samu e como plantonista no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
“Quando apresentei os sintomas acreditei que tinha pego a doença, porém não tinha testes disponíveis no estado. Não cheguei a ficar internado, fiz o tratamento domiciliar e busquei o pronto-socorro após uma crise de falta de ar. Logo depois chegaram os testes, eu fiz e deu positivo para Covid-19”, lembrou.
Para o enfermeiro, a doença foi um desafio físico e psicológico, pois não se sabia muito sobre a Covid-19. Longe da família há 47 dias, ele acompanha de longe o final da gravidez da esposa e o crescimento da filha Melisa, de 2 anos e 7 meses. Elas estão em Floriano, 247 km ao Sul de Teresina.
“Minha esposa está com 37 semanas de gravidez. Meu filho vai ser chamar Valentim, em homenagem ao meu avô, mas o nome foi mais coincidência nessa pandemia. Ele já vai nascer valente em meio a essa situação que estamos vivendo”, disse.
Enfermeiro acompanha de longe a gravidez da esposa e a filha de 2 anos, que estão em Floriano, Sul do Piauí — Foto: Arquivo Pessoal/Valério Azevedo
A inspiração para a saúde surgiu ainda quando criança. Valério nasceu com estenose de traqueia e em 1983 o sistema público de saúde era apenas para profissionais com carteira assinada. Ele acompanhou a luta dos pais pelo seu tratamento até sua recuperação aos seis anos.
“Fui crescendo com esse sonho de ser um profissional de saúde. Comecei como técnico de enfermagem em Floriano, depois me formei em enfermagem na Paraíba e atualmente ingressei no curso de medicina”, revelou.
Valério Azevedo e os pais — Foto: Arquivo Pessoal/Valério Azevedo
Aos colegas de profissão, o enfermeiro Valério Azevedo disse que é preciso acreditar em dias melhores e em uma força interior.
“Fazer mais do que esperam da gente. Quando fazemos por amor as coisas acontecem. Eu acredito em um ser superior que me ilumina. Tenho certeza que tudo isso vai passar e vamos vencer”, declarou.
O enfermeiro será coordenador de enfermagem do hospital de campanha instalada no Centro de Treinamento de Badminton, no Setor de Esportes da Universidade Federal do Piauí, em Teresina. Cerca de 500 profissionais devem atuar nos 86 leitos, sendo 5 de estabilização, para atendimento a casos de baixa e média complexidade decorrentes da Covid-19.
Fonte: G1.com